METADONA

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De Sector Salud

A metadona é um medicamento opioide sintético utilizado principalmente no tratamento da dor severa e na terapia de substituição para dependência de opioides, como a heroína. Ela age no sistema nervoso central para aliviar a dor e reduzir os sintomas de abstinência em indivíduos que estão se desintoxicando de opioides.

A metadona é utilizada para dois principais propósitos:

  1. Tratamento da dor crônica severa: A metadona é prescrita para o alívio de dores intensas, especialmente quando outros analgésicos não são eficazes ou apropriados. Ela é usada em pacientes com dor crônica associada a condições como câncer, lesões graves ou doenças degenerativas.
  2. Tratamento de dependência de opioides: A metadona é comumente utilizada em programas de substituição de opioides para ajudar indivíduos a superar o vício em drogas como heroína e outros opioides. Ela reduz os sintomas de abstinência e diminui o desejo pelo uso de opioides, permitindo uma transição mais controlada e segura no processo de desintoxicação.

Mecanismo de Ação da metadona

A metadona atua como um agonista completo dos receptores opioides µ (mu) no sistema nervoso central. Ao se ligar a esses receptores, ela imita os efeitos de outros opioides, como a morfina e a heroína, aliviando a dor e gerando uma sensação de bem-estar. O efeito de analgesia ocorre devido à inibição da transmissão de sinais dolorosos no cérebro e na medula espinhal.

Além disso, a metadona bloqueia os efeitos eufóricos dos opioides como a heroína, ajudando a reduzir o desejo e a compulsão por essas drogas em pacientes dependentes. A metadona também possui uma ação antagonista nos receptores NMDA, que pode contribuir para a redução da tolerância aos opioides e para seu efeito analgésico prolongado. O início de ação é mais lento e a duração mais longa comparada a outros opioides, permitindo que seja administrada com menos frequência.

Farmacocinética (Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação)

A farmacocinética da metadona envolve os seguintes aspectos:

  • Absorção: A metadona é bem absorvida pelo trato gastrointestinal após administração oral. A biodisponibilidade oral varia entre 36% e 100%, o que significa que a quantidade de medicamento que atinge a circulação sistêmica pode ser bastante variável entre os indivíduos.
  • Distribuição: Após a absorção, a metadona se distribui amplamente pelos tecidos do corpo, incluindo o cérebro. Ela tem uma forte ligação às proteínas plasmáticas (cerca de 85% a 90%), o que contribui para sua longa meia-vida. A metadona é lipossolúvel, o que facilita seu acúmulo em tecidos gordurosos e prolonga sua eliminação.
  • Metabolismo: O metabolismo da metadona ocorre principalmente no fígado, através do sistema enzimático do citocromo P450, em particular pelas enzimas CYP3A4, CYP2B6 e, em menor grau, pela CYP2D6. Ela é convertida em metabólitos inativos, que são eliminados pelo corpo.
  • Eliminação: A metadona é eliminada principalmente por via renal, com uma pequena quantidade excretada nas fezes. A meia-vida de eliminação varia bastante, de 8 a 59 horas, e pode ser ainda mais longa em usuários crônicos, o que possibilita a administração em intervalos de 24 a 48 horas no tratamento de dependência de opioides.

Essas propriedades fazem da metadona um fármaco de ação prolongada, ideal para uso no tratamento da dependência de opioides, mas requerem um ajuste cuidadoso de doses devido ao risco de acúmulo e toxicidade.

indicações terapêuticas da metadona

A metadona é indicada para:

  1. Tratamento da dor crônica severa: A metadona é utilizada em pacientes que sofrem de dores intensas, especialmente em casos de dor oncológica (relacionada ao câncer) e dor neuropática, onde outros analgésicos podem ser ineficazes. Ela é indicada quando se necessita de um opioide potente e de longa duração.
  2. Tratamento de dependência de opioides: A metadona é amplamente utilizada em programas de substituição ou manutenção para pacientes dependentes de opioides como heroína, morfina e oxicodona. Ela ajuda a reduzir ou eliminar o uso de opioides ilegais, diminuindo os sintomas de abstinência e o desejo de consumir essas substâncias. Nesse contexto, a metadona é administrada sob supervisão médica e faz parte de um plano de reabilitação.

Essas indicações requerem supervisão rigorosa, especialmente devido ao risco de abuso e dependência associados ao uso prolongado de opioides, como a metadona.

Apresentações da metadona

A metadona está disponível em várias formas farmacêuticas, permitindo sua administração de acordo com as necessidades clínicas. As apresentações mais comuns incluem:

  1. Comprimidos:
    • Comprimidos de 5 mg, 10 mg e 40 mg, usados principalmente para o tratamento da dor crônica ou para manutenção em dependência de opioides.
  2. Solução oral:
    • Soluções de 1 mg/ml e 10 mg/ml, geralmente utilizadas em programas de substituição de opioides e para facilitar a titulação da dose.
  3. Concentrado oral:
    • Soluções concentradas (por exemplo, 10 mg/ml ou 100 mg/ml) para pacientes que necessitam de doses maiores ou de uma forma mais conveniente de administração.
  4. Injetável:
    • Ampolas ou frascos de solução injetável de 10 mg/ml, para administração subcutânea, intravenosa ou intramuscular, geralmente usadas em cenários hospitalares para controle de dor aguda severa ou para pacientes incapazes de tomar a medicação por via oral.

Essas diferentes formas permitem a personalização do tratamento de acordo com a condição do paciente e a via de administração mais apropriada.

Nome comercial da metadona

A metadona é comercializada sob diversos nomes comerciais, dependendo do país e do fabricante. Alguns dos nomes mais conhecidos incluem:

  1. Metadon®: Um dos nomes mais comuns, utilizado em vários países para referir-se à metadona genérica.
  2. Dolophine®: Nome comercial registrado nos Estados Unidos, utilizado principalmente para as formulações orais.
  3. Methadose®: Marca utilizada para as soluções orais de metadona, especialmente em programas de tratamento de dependência de opioides.
  4. Physeptone®: Nome comercial mais utilizado no Reino Unido para as formulações de metadona em comprimidos ou soluções.

Além desses, existem outras marcas disponíveis em diferentes países, mas o uso do nome genérico “metadona” é muito comum em preparações de medicamentos genéricos.

Efeitos colaterais comuns e adversos

O uso de metadona pode causar uma série de efeitos colaterais, que variam de leves a graves. Os efeitos adversos mais comuns incluem:

Efeitos colaterais comuns:

  1. Tontura e sonolência: A metadona pode causar sedação, especialmente no início do tratamento ou com ajustes de dose.
  2. Náusea e vômitos: Problemas gastrointestinais são frequentes, particularmente durante os primeiros dias de uso.
  3. Constipação: Como muitos opioides, a metadona reduz a motilidade intestinal, resultando em prisão de ventre.
  4. Suor excessivo: Alguns pacientes podem experimentar hiperidrose (suor excessivo).
  5. Boca seca: Xerostomia é outro efeito colateral comum do uso prolongado de metadona.

Efeitos colaterais adversos (mais graves):

  1. Depressão respiratória: A metadona pode reduzir a taxa respiratória, especialmente em doses altas ou em combinação com outros sedativos, levando a risco de insuficiência respiratória.
  2. Arritmias cardíacas (prolongamento do intervalo QT): O uso prolongado de metadona pode prolongar o intervalo QT no eletrocardiograma, o que aumenta o risco de arritmias cardíacas graves, como a torsade de pointes.
  3. Hipotensão: A metadona pode causar quedas na pressão arterial, levando a episódios de tontura e desmaios.
  4. Dependência e síndrome de abstinência: Como outros opioides, a metadona tem um potencial significativo de causar dependência física e psicológica, e a interrupção abrupta pode resultar em sintomas de abstinência.
  5. Confusão mental: Em alguns casos, a metadona pode causar alterações cognitivas, confusão ou alucinações.

A supervisão médica é essencial para ajustar a dose e monitorar potenciais efeitos adversos, especialmente devido ao risco de toxicidade e complicações respiratórias com o uso prolongado de metadona.

Contraindicações

O uso da metadona é contraindicado em várias condições, devido ao seu potencial de causar sérios efeitos adversos. As principais contraindicações incluem:

  1. Hipersensibilidade: Alergia à metadona.
  2. Depressão respiratória severa: Insuficiência respiratória aguda.
  3. Asma não controlada: Crises agudas de asma.
  4. Íleo paralítico: Motilidade intestinal reduzida.
  5. Doença cardíaca grave: Especialmente com prolongamento do intervalo QT.
  6. Uso de IMAO: Tratamento recente com inibidores da monoamina oxidase.

Uso cauteloso em pacientes com insuficiência hepática ou renal e em idosos.


Tabela de analgésicos

Acido acetilsalicílicoMetamizol Sodico
BuprenorfinaDipirona
CapsaicinaMorfina
Clonixinato de lisinaNalbufina
DexmedetomidinaOxicodona
DextropropoxifenoParacetamol
FentanilTramadol
EtofenamatoCloridrato de Tramadol
IbuprofenoHidromorfona
CetorolacoMetadona
Trometamol CetorolacoTapentadol