BUPIVACAÍNA

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De Sector Salud

A bupivacaína é um anestésico local pertencente à classe dos anestésicos aminoamidicos. É amplamente utilizada para bloqueios nervosos e anestesia regional, devido à sua capacidade de proporcionar analgesia prolongada. A bupivacaína atua bloqueando os canais de sódio nas membranas das células nervosas, inibindo a transmissão de impulsos nervosos e, assim, promovendo a perda de sensação na área onde é administrada.

A bupivacaína é utilizada principalmente para a realização de anestesia local e regional. Suas principais indicações incluem:

  • Anestesia cirúrgica: É frequentemente empregada em procedimentos cirúrgicos, permitindo que a cirurgia ocorra sem dor na área tratada.
  • Bloqueios nervosos: Utilizada para realizar bloqueios em nervos específicos, aliviando a dor em regiões do corpo, como em procedimentos ortopédicos ou obstétricos.
  • Anestesia epidural: Comum em partos, onde é aplicada na região epidural para proporcionar analgesia durante o trabalho de parto.
  • Controle da dor: Em tratamentos de dor crônica, pode ser utilizada para controlar a dor em condições como câncer ou após cirurgias.

A bupivacaína é valorizada por seu início de ação rápido e sua duração prolongada de efeito analgésico.

Mecanismo de Ação

A bupivacaína atua principalmente como um anestésico local ao bloquear a condução dos impulsos nervosos. Seu mecanismo de ação pode ser descrito da seguinte forma:

  • Bloqueio dos canais de sódio: A bupivacaína se liga de forma reversível aos canais de sódio nas membranas neuronais. Isso impede a entrada de íons sódio nas células nervosas durante a despolarização, que é um passo crucial na geração e transmissão de impulsos nervosos.
  • Inibição da excitabilidade neuronal: Ao bloquear os canais de sódio, a bupivacaína reduz a excitabilidade dos neurônios, resultando na inibição da propagação do sinal de dor.
  • Diferenciação em fibras nervosas: A bupivacaína tem afinidade por diferentes tipos de fibras nervosas. Ela afeta primeiro as fibras menores e mais finas (como as fibras C que transmitem dor e temperatura), enquanto as fibras maiores (que transmitem a sensação de pressão e propriocepção) são afetadas em uma fase posterior. Isso resulta em uma sequência de perda de sensações, começando pela dor e terminando com a sensação de pressão.

Esse mecanismo torna a bupivacaína eficaz para proporcionar analgesia e anestesia em uma variedade de contextos clínicos.

Farmacocinética (Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação)

A farmacocinética da bupivacaína descreve como o medicamento é absorvido, distribuído, metabolizado e excretado pelo organismo. Os principais aspectos incluem:

  • Absorção: A bupivacaína é rapidamente absorvida após a administração local, especialmente quando aplicada em áreas com alta vascularização, como em injeções epidurais ou bloqueios nervosos. A absorção sistêmica pode resultar em efeitos colaterais, especialmente em doses elevadas.
  • Distribuição: Após a absorção, a bupivacaína é distribuída rapidamente pelo corpo. Sua distribuição ocorre em tecidos bem vascularizados, como coração, pulmões e fígado. O volume de distribuição é relativamente alto, refletindo sua capacidade de se ligar a tecidos.
  • Metabolismo: A bupivacaína é metabolizada principalmente no fígado através de reações de biotransformação, incluindo a N-desalquilação e a hidroxilação. Isso resulta na formação de metabólitos, alguns dos quais são ativos, mas em menor grau do que o composto original.
  • Excreção: Os metabólitos e a bupivacaína não metabolizada são excretados principalmente pelos rins. A meia-vida da bupivacaína varia, mas geralmente é em torno de 2 a 6 horas, dependendo da via de administração e da dose.

Essas características farmacocinéticas influenciam a escolha da bupivacaína em diferentes situações clínicas, permitindo a personalização do tratamento com base nas necessidades do paciente e no tipo de procedimento a ser realizado.

indicações terapêuticas

A bupivacaína é indicada para uma variedade de procedimentos médicos e cirúrgicos, especialmente em situações que requerem anestesia ou alívio da dor. As principais indicações terapêuticas incluem:

  • Anestesia Regional: Utilizada em técnicas de anestesia regional, como bloqueios de nervos periféricos e anestesia epidural, para procedimentos cirúrgicos nas extremidades, abdômen e pelve.
  • Anestesia Obstétrica: Comumente aplicada durante o trabalho de parto para proporcionar analgesia eficaz, permitindo que as mulheres experimentem o parto com menos dor.
  • Anestesia para Cirurgias Ambulatoriais: É utilizada em procedimentos que podem ser realizados em regime ambulatorial, como cirurgias ortopédicas e ginecológicas, onde a dor deve ser controlada durante e após a cirurgia.
  • Controle da Dor Crônica: Em pacientes com dor crônica, a bupivacaína pode ser utilizada em infusões contínuas ou injeções periódicas para ajudar a controlar a dor, especialmente em casos de câncer.
  • Procedimentos Diagnósticos: Em algumas situações, pode ser utilizada para anestesiar áreas específicas do corpo durante procedimentos diagnósticos, como biópsias.

Essas indicações tornam a bupivacaína uma ferramenta valiosa em anestesiologia e medicina do dor, proporcionando alívio eficaz e prolongado em diversas circunstâncias clínicas.

Apresentações

A bupivacaína está disponível em várias apresentações, que podem incluir diferentes concentrações e formas de administração. As principais apresentações incluem:

  • Solução injetável:
    • Bupivacaína 0,25%: Geralmente utilizada para anestesia regional em procedimentos menos invasivos.
    • Bupivacaína 0,5%: Comum para anestesia em cirurgias maiores e para bloqueios nervosos.
    • Bupivacaína 0,75%: Usada em situações que requerem analgesia intensa, como em anestesia epidural durante o parto.
  • Solução para infusão: Algumas formulações são projetadas para infusão contínua, permitindo controle de dor a longo prazo, frequentemente em ambientes hospitalares.
  • Com combinações: A bupivacaína pode ser combinada com outros anestésicos locais, como a lidocaína, para potencializar os efeitos anestésicos e melhorar o controle da dor.
  • Forma farmacêutica: Normalmente, as apresentações são oferecidas em frascos ou ampolas, adequadas para uso em ambientes clínicos.

Essas diferentes apresentações permitem que os profissionais de saúde escolham a formulação mais adequada para cada paciente e situação clínica, otimizando a eficácia do tratamento anestésico.

Nome comercial

A bupivacaína é comercializada sob várias marcas em diferentes países.

  • Marca Bupivacaína (vários fabricantes):

Esses nomes comerciais podem variar de acordo com a região e o fabricante, por isso é sempre importante consultar as informações específicas do produto disponível em cada local. Além disso, a bupivacaína pode estar disponível em formulações genéricas sob o nome “bupivacaína”.

Efeitos colaterais comuns e adversos

A bupivacaína, como qualquer medicamento, pode causar efeitos colaterais, que variam em frequência e gravidade. Os principais efeitos colaterais incluem:

Efeitos Colaterais Comuns

  • Reações no local da injeção: Dor, inchaço ou hematomas na área onde a bupivacaína foi administrada.
  • Sedação: Alguns pacientes podem sentir sonolência ou sedação leve após a administração.
  • Tontura: Sensação de vertigem ou desequilíbrio.
  • Náusea e vômito: Esses sintomas podem ocorrer em alguns pacientes.

Efeitos Adversos Graves

  • Reações alérgicas: Podem ocorrer reações alérgicas graves, incluindo urticária, dificuldade para respirar ou inchaço da face e garganta.
  • Toxicidade sistêmica: Em casos de absorção excessiva, podem ocorrer reações como convulsões, depressão do sistema nervoso central e arritmias cardíacas.
  • Paralisia: Se administrada inadvertidamente em um nervo ou se a dose for muito alta, pode ocorrer paralisia temporária ou permanente da área afetada.
  • Cardiotoxicidade: Pode causar efeitos adversos no coração, como bradicardia (diminuição da frequência cardíaca) ou taquicardia.

É essencial monitorar os pacientes durante e após a administração para detectar qualquer efeito colateral e garantir uma resposta rápida em caso de reações adversas graves.

Contraindicações

A bupivacaína possui algumas contraindicações que devem ser consideradas antes de sua administração. As principais contraindicações incluem:

  • Alergia ao fármaco: Pacientes com histórico de hipersensibilidade ou reações alérgicas à bupivacaína ou a outros anestésicos locais da classe aminoamídica não devem receber este medicamento.
  • Doenças neuromusculares: Pacientes com doenças que afetam a função neuromuscular, como miastenia gravis, podem estar em risco aumentado de complicações.
  • Infecções no local da injeção: A administração de bupivacaína em áreas infectadas pode levar à disseminação da infecção ou complicações locais.
  • Choque hipovolêmico: Pacientes em estado de choque hipovolêmico ou com instabilidade hemodinâmica devem evitar a bupivacaína, pois pode agravar a condição.
  • Alterações na coagulação: Pacientes com distúrbios de coagulação ou que estão em uso de anticoagulantes podem ter maior risco de hematomas e sangramentos se a bupivacaína for administrada.
  • Anemia grave: A bupivacaína deve ser usada com cautela em pacientes com anemia grave, pois a anestesia regional pode afetar a perfusão e a oxigenação.

Essas contraindicações são importantes para garantir a segurança do paciente e prevenir complicações durante e após o uso da bupivacaína. A avaliação cuidadosa do histórico médico do paciente é fundamental antes da administração do anestésico.


Tabela de Anestésicos

FentanilCetamina
AtropinaMidazolam
LidocainaNaloxona
EpinefrinaNeostigmina
AdrenalinaPrilocaina
BupivacainaPrilocaina com Felipressina
CisatracurioPropofol
Besilato de CisatracurioRemifentanilo
Besilato de BepotastinaRocuronio
AtracurioBrometo de Rocuronio
DesfluranoRopivacaina
DiazepamCloridrato de Ropivacaina
EfedrinaSevoflurano
EtomidatoSuxametonio
FlumazenilTiopental Sodico
FlunitrazepamTiopental
IsofluranoVecuronio
Ketamina