BROMETO DE ROCURÔNIO

O brometo de rocurônio atua como um bloqueador neuromuscular não despolarizante, o que significa que ele impede a contração muscular ao interferir na transmissão do impulso nervoso na junção neuromuscular. O mecanismo de ação envolve os seguintes passos:

1. Ligação aos Receptores Nicotínicos: O brometo de rocurônio se liga de forma competitiva aos receptores nicotínicos da acetilcolina (ACh) localizados na membrana da célula muscular esquelética.
2. Inibição da Ação da Acetilcolina: Ao ocupar esses receptores, o brometo de rocurônio impede que a acetilcolina, que é liberada pelas terminações nervosas, se ligue a eles. Isso impede a despolarização da membrana da célula muscular.
3. Bloqueio da Contração Muscular: Como resultado da inibição da ação da acetilcolina, a despolarização necessária para a contração muscular não ocorre, levando ao relaxamento da musculatura esquelética.

Esse efeito é temporário e pode ser revertido com o uso de agentes anticolinesterásicos que aumentam a concentração de acetilcolina na junção neuromuscular, competindo assim com o brometo de rocurônio.

A farmacocinética do brometo de rocurônio envolve sua absorção, distribuição, metabolização e excreção. Aqui estão os principais aspectos:

1. Absorção: É administrado por via intravenosa, permitindo uma rápida absorção e início de ação.
2. Distribuição: Após a administração, se distribui rapidamente nos tecidos e fluidos corporais. O volume de distribuição é consideravelmente grande, o que indica que a droga se distribui amplamente nos compartimentos do corpo.
3. Metabolização: É metabolizado principalmente no fígado, onde ocorre a hidrólise enzimática. Embora a metabolização não seja a principal via de eliminação, é importante notar que o brometo de rocurônio não é significativamente afetado pela esterificação, como outros bloqueadores neuromusculares.
4. Excreção: A excreção ocorre principalmente por via renal, com cerca de 70% a 80% da dose administrada sendo excretada na urina. A meia-vida de eliminação é geralmente de 60 a 120 minutos, embora isso possa variar dependendo das características individuais do paciente, como função renal e hepática.

O brometo de rocurônio é indicado para diversas situações clínicas, especialmente na área de anestesia e cuidados críticos. Suas principais indicações incluem:

1. Facilitação da Intubação Endotraqueal: Relaxa os músculos esqueléticos para facilitar a intubação em procedimentos cirúrgicos e emergências.
2. Relaxamento Muscular em Cirurgias: Usado durante cirurgias que requerem controle muscular preciso, como ortopédicas e neurológicas.
3. Ventilação Mecânica: Indicado em UTI para facilitar a sedação e otimizar a oxigenação.
4. Procedimentos Diagnósticos: Utilizado em broncoscopias e endoscopias para relaxamento muscular.
5. Anestesia Geral: Parte dos protocolos de anestesia para garantir relaxamento muscular durante a indução e manutenção.

O brometo de rocurônio está disponível em várias apresentações, que podem incluir:

1. Solução injetável: Geralmente em frascos ou ampulas, com concentrações típicas de 0,5 mg/mL, 1 mg/mL e 10 mg/mL.
2. Ampolas de 5 mL: Comumente utilizadas em ambientes hospitalares, para administração intravenosa.
3. Frascos de 10 mL: Disponíveis em concentrações variáveis, dependendo do fabricante e da formulação.

Essas apresentações permitem a administração flexível e o uso do brometo de rocurônio em diferentes contextos clínicos. A escolha da apresentação e da dose dependerá das necessidades específicas do paciente e do procedimento a ser realizado.

O brometo de rocurônio é comercializado sob várias marcas, com os principais nomes comerciais incluindo:

1. Esmeron
2. Zemuron

Esses nomes podem variar conforme o país e o fabricante, mas “Esmeron” é uma das marcas mais reconhecidas globalmente. É importante que profissionais de saúde verifiquem a formulação e a concentração ao usar essas marcas.

Os efeitos colaterais e adversos do brometo de rocurônio podem incluir:

1. Efeitos Comuns:
   • Paralisia Muscular Prolongada: Em alguns casos, o efeito do relaxamento muscular pode durar mais do que o esperado, especialmente em pacientes com função hepática ou renal comprometida.
   • Alterações na Pressão Arterial: Pode ocorrer hipotensão ou hipertensão durante a administração.
2. Efeitos Adversos:
   • Reações Alérgicas: Embora raras, podem ocorrer reações alérgicas, como erupções cutâneas, urticária ou anafilaxia.
   • Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca em alguns pacientes.
   • Aumento das Pressões Intracranianas: Pode ser uma preocupação em cirurgias neurológicas.
   • Interferência em Estudos de Eletroneuromiografia: O uso pode afetar os resultados de testes de função neuromuscular.

É importante que os profissionais de saúde monitorem os pacientes durante e após a administração do brometo de rocurônio para gerenciar possíveis efeitos colaterais.

As contraindicações para o uso de brometo de rocurônio incluem:

1. Hipersensibilidade: Contraindicado em pacientes que apresentem história de hipersensibilidade ao brometo de rocurônio ou a outros bloqueadores neuromusculares.
2. Doenças Neuromusculares: Pacientes com distúrbios neuromusculares, como miastenia gravis ou síndrome de Eaton-Lambert, podem ter resposta alterada ao medicamento, aumentando o risco de fraqueza muscular prolongada.
3. Função Hepática e Renal Comprometida: A insuficiência hepática ou renal grave pode afetar a metabolização e excreção do brometo de rocurônio, resultando em acúmulo e prolongamento do efeito.
4. Gravidez e Lactação: Embora não sejam estritamente contraindicações, o uso deve ser cuidadosamente avaliado em gestantes e lactantes, considerando os riscos potenciais para o feto ou o recém-nascido.
5. Alterações Cardiovasculares Severas: Pacientes com condições cardiovasculares graves podem estar em risco aumentado de efeitos adversos.

É fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação completa antes de administrar o brometo de rocurônio, levando em consideração essas contraindicações.