ATROPINA

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De Sector Salud

A atropina é um alcaloide tropânico que atua como um anticolinérgico, bloqueando os efeitos da acetilcolina em várias partes do corpo. É um composto natural encontrado em plantas do gênero Atropa, como a beladona, e é frequentemente utilizado na medicina por suas propriedades farmacológicas. A atropina age principalmente no sistema nervoso central e no sistema nervoso parassimpático, inibindo a atividade das terminações nervosas que liberam acetilcolina.

A atropina é utilizada para diversas indicações médicas, incluindo:

  • Tratamento de bradicardia: A atropina aumenta a frequência cardíaca ao bloquear a ação da acetilcolina no coração, sendo utilizada em situações de batimentos cardíacos anormalmente lentos.
  • Antídoto para intoxicação por organofosforados: É eficaz em casos de envenenamento por pesticidas ou produtos químicos que inibem a enzima acetilcolinesterase, que leva a um acúmulo de acetilcolina.
  • Dilatação das pupilas (midríase): A atropina é aplicada em exames oftalmológicos para paralisar o músculo ciliar e facilitar a avaliação da retina.
  • Redução da secreção salivar e respiratória: É utilizada em procedimentos cirúrgicos para reduzir as secreções antes da anestesia.
  • Tratamento de algumas condições gastrointestinais: A atropina pode ser usada para tratar espasmos e cólicas no trato digestivo, reduzindo a motilidade intestinal.

Essas aplicações demonstram a versatilidade da atropina como um medicamento em contextos variados.

Mecanismo de Ação da atropina

A atropina atua como um antagonista competitivo dos receptores muscarínicos de acetilcolina, que são encontrados em várias partes do corpo, incluindo o coração, glândulas exócrinas e músculo liso. Ao se ligar a esses receptores, a atropina inibe os efeitos da acetilcolina, um neurotransmissor que, entre outras funções, está envolvido na ativação do sistema nervoso parassimpático.

Efeitos principais:

  • Coração: A atropina bloqueia a ação da acetilcolina sobre os receptores muscarínicos no nó sinoatrial, resultando em um aumento da frequência cardíaca (efeto cronotrópico positivo) e uma redução da atividade vagal. Isso é particularmente útil no tratamento de bradicardia.
  • Sistema respiratório: A atropina reduz a secreção de muco nas vias aéreas, diminuindo a produção de secreções respiratórias, o que é benéfico durante procedimentos cirúrgicos e em casos de broncoespasmo.
  • Olhos: Ao bloquear os receptores muscarínicos nos músculos ciliares e esfíncteres da íris, a atropina provoca dilatação das pupilas (midríase) e paralisia do acomodação ocular.
  • Sistema gastrointestinal: A atropina inibe a motilidade intestinal e a secreção ácida, sendo útil no tratamento de espasmos e cólicas.

Farmacocinética (Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação)

A farmacocinética da atropina descreve como o corpo absorve, distribui, metaboliza e excreta este medicamento. Os principais aspectos incluem:

Absorção

  • Via de Administração: A atropina pode ser administrada por várias vias, incluindo intravenosa, intramuscular, subcutânea e oftálmica. A absorção é rápida e eficiente quando administrada por via intravenosa ou intramuscular.
  • Biodisponibilidade: A biodisponibilidade varia conforme a via de administração, sendo mais alta nas vias intravenosa e intramuscular.

Distribuição

  • Volume de Distribuição: A atropina tem um volume de distribuição relativamente grande, indicando que se distribui amplamente nos tecidos do corpo.
  • Ligação às proteínas plasmáticas: Aproximadamente 50% da atropina se liga a proteínas plasmáticas, o que pode afetar sua distribuição e efeito terapêutico.

Metabolismo

  • Metabolismo Hepático: A atropina é metabolizada principalmente no fígado, onde é convertida em metabolitos inativos.
  • Meia-vida: A meia-vida da atropina é de aproximadamente 2 a 4 horas, mas os efeitos podem durar mais tempo devido à sua ação nos receptores.

Excreção

  • Eliminação: A atropina é excretada principalmente na urina, tanto como fármaco inalterado quanto em forma de metabolitos.
  • Ajuste em casos de insuficiência renal: A função renal pode afetar a eliminação da atropina, sendo necessário ajustar a dose em pacientes com insuficiência renal.

indicações terapêuticas

A atropina é utilizada em diversas situações clínicas devido às suas propriedades anticolinérgicas. As principais indicações terapêuticas incluem:

  1. Bradicardia: Aumenta a frequência cardíaca em casos de batimentos lentos.
  2. Intoxicação por Organofosforados: Serve como antídoto para envenenamentos por pesticidas.
  3. Exames Oftalmológicos: Provoca dilatação das pupilas (midríase).
  4. Pré-anestesia: Reduz secreções salivares e respiratórias antes de cirurgias.
  5. Espasmos Gastrointestinais: Alivia cólicas e espasmos no trato digestivo.
  6. Tratamento de Síndrome de Sibilância: Relaxa as vias aéreas em casos de broncoespasmo.
  7. Terapia de Ressuscitação: Utilizada em alguns protocolos de ressuscitação cardiopulmonar.

Essas indicações destacam a versatilidade da atropina na prática clínica.

Apresentações

A atropina está disponível em várias formas farmacêuticas, incluindo:

  1. Solução Injetável:
    • Normalmente em ampolas ou frascos multidose, utilizada para administração intravenosa ou intramuscular.
    • Concentrações comuns: 0,5 mg/mL e 1 mg/mL.
  2. Comprimidos:
    • Formato oral para uso em determinadas condições gastrointestinais.
    • Geralmente disponíveis em doses de 0,25 mg a 0,5 mg.
  3. Colírio (Solução Oftálmica):
    • Utilizada para dilatação das pupilas em exames oftalmológicos.
    • Concentrações típicas: 1% e 2%.
  4. Gel:
    • Pode ser utilizado em algumas formulações tópicas, embora menos comum.
  5. Forma Inalatória:
    • Utilizada em algumas situações de tratamento de broncoespasmos, embora não seja tão frequente.

Essas diferentes apresentações permitem que a atropina seja utilizada em várias situações clínicas, adequando-se às necessidades do paciente e ao contexto terapêutico.

Nome comercial

A atropina é comercializada sob diversos nomes comerciais, dependendo do fabricante e do país. Alguns dos nomes comerciais mais comuns incluem:

  1. Atropina (genérico): Disponível como um medicamento genérico em muitas regiões.
  2. AtroPen: Um dispositivo de autoadministração de atropina, utilizado em casos de intoxicação por organofosforados.
  3. Isopto Atropine: Colírio usado para dilatação pupilar.
  4. Atropisol: Outra apresentação oftálmica.

É importante verificar a disponibilidade específica de cada nome comercial em sua localidade, pois podem existir variações.

Efeitos colaterais comuns e adversos

A atropina pode causar uma variedade de efeitos colaterais, que podem variar em intensidade de acordo com a dose e a sensibilidade do paciente. Os efeitos colaterais comuns incluem:

Efeitos Colaterais Comuns:

  1. Boca Seca: Devido à redução da secreção salivar.
  2. Visão Turva: Resultante da dilatação pupilar e paralisia da acomodação.
  3. Aumento da Frequência Cardíaca: Pode causar taquicardia, especialmente em doses mais altas.
  4. Dificuldade para Urinar: Resultante da diminuição da contração da bexiga.
  5. Constipação: Devido à redução da motilidade intestinal.

Efeitos Adversos:

  1. Confusão Mental ou Agitação: Especialmente em idosos, podendo ocorrer em doses elevadas.
  2. Reações Alérgicas: Embora raras, podem ocorrer reações cutâneas ou anafiláticas.
  3. Aumento da Pressão Intraocular: Deve ser utilizado com cautela em pacientes com glaucoma.
  4. Efeitos Cardiovasculares: Arritmias e aumento da pressão arterial em casos de uso inadequado.

Contraindicações

A atropina possui algumas contraindicações que devem ser consideradas antes de sua administração. As principais incluem:

  1. Glaucoma de Ângulo Fechado: A atropina pode aumentar a pressão intraocular, agravando a condição.
  2. Miastenia Gravis: A utilização da atropina pode piorar os sintomas dessa doença autoimune que afeta a comunicação entre os nervos e os músculos.
  3. Hiperplasia Prostática: Em homens com aumento da próstata, a atropina pode causar retenção urinária.
  4. Intolerância à Atropina ou a Outros Anticolinérgicos: Pacientes com histórico de reações adversas à atropina ou a outros medicamentos similares devem evitar seu uso.
  5. Doenças Cardiovasculares Graves: Pacientes com arritmias ou outras condições cardíacas graves devem usar a atropina com cautela, pois pode exacerbar problemas cardíacos.
  6. Gravidez e Lactação: O uso da atropina em gestantes ou lactantes deve ser avaliado com cautela, considerando os riscos e benefícios.

Resumo

É crucial que a atropina seja utilizada apenas em situações adequadas e sob supervisão médica, especialmente em populações com contraindicações conhecidas, para evitar complicações.


Tabela de Anestésicos

FentanilCetamina
AtropinaMidazolam
LidocainaNaloxona
EpinefrinaNeostigmina
AdrenalinaPrilocaina
BupivacainaPrilocaina com Felipressina
CisatracurioPropofol
Besilato de CisatracurioRemifentanilo
Besilato de BepotastinaRocuronio
AtracurioBrometo de Rocuronio
DesfluranoRopivacaina
DiazepamCloridrato de Ropivacaina
EfedrinaSevoflurano
EtomidatoSuxametonio
FlumazenilTiopental Sodico
FlunitrazepamTiopental
IsofluranoVecuronio
Ketamina