O que é a atropina?
A atropina é um alcaloide tropânico que atua como um anticolinérgico, bloqueando os efeitos da acetilcolina em várias partes do corpo. É um composto natural encontrado em plantas do gênero Atropa, como a beladona, e é frequentemente utilizado na medicina por suas propriedades farmacológicas. A atropina age principalmente no sistema nervoso central e no sistema nervoso parassimpático, inibindo a atividade das terminações nervosas que liberam acetilcolina.
Para que serve a atropina?
A atropina é utilizada para diversas indicações médicas, incluindo:
- Tratamento de bradicardia: A atropina aumenta a frequência cardíaca ao bloquear a ação da acetilcolina no coração, sendo utilizada em situações de batimentos cardíacos anormalmente lentos.
- Antídoto para intoxicação por organofosforados: É eficaz em casos de envenenamento por pesticidas ou produtos químicos que inibem a enzima acetilcolinesterase, que leva a um acúmulo de acetilcolina.
- Dilatação das pupilas (midríase): A atropina é aplicada em exames oftalmológicos para paralisar o músculo ciliar e facilitar a avaliação da retina.
- Redução da secreção salivar e respiratória: É utilizada em procedimentos cirúrgicos para reduzir as secreções antes da anestesia.
- Tratamento de algumas condições gastrointestinais: A atropina pode ser usada para tratar espasmos e cólicas no trato digestivo, reduzindo a motilidade intestinal.
Essas aplicações demonstram a versatilidade da atropina como um medicamento em contextos variados.
Mecanismo de Ação da atropina
A atropina atua como um antagonista competitivo dos receptores muscarínicos de acetilcolina, que são encontrados em várias partes do corpo, incluindo o coração, glândulas exócrinas e músculo liso. Ao se ligar a esses receptores, a atropina inibe os efeitos da acetilcolina, um neurotransmissor que, entre outras funções, está envolvido na ativação do sistema nervoso parassimpático.
Efeitos principais:
- Coração: A atropina bloqueia a ação da acetilcolina sobre os receptores muscarínicos no nó sinoatrial, resultando em um aumento da frequência cardíaca (efeto cronotrópico positivo) e uma redução da atividade vagal. Isso é particularmente útil no tratamento de bradicardia.
- Sistema respiratório: A atropina reduz a secreção de muco nas vias aéreas, diminuindo a produção de secreções respiratórias, o que é benéfico durante procedimentos cirúrgicos e em casos de broncoespasmo.
- Olhos: Ao bloquear os receptores muscarínicos nos músculos ciliares e esfíncteres da íris, a atropina provoca dilatação das pupilas (midríase) e paralisia do acomodação ocular.
- Sistema gastrointestinal: A atropina inibe a motilidade intestinal e a secreção ácida, sendo útil no tratamento de espasmos e cólicas.
Farmacocinética (Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação)
A farmacocinética da atropina descreve como o corpo absorve, distribui, metaboliza e excreta este medicamento. Os principais aspectos incluem:
Absorção
- Via de Administração: A atropina pode ser administrada por várias vias, incluindo intravenosa, intramuscular, subcutânea e oftálmica. A absorção é rápida e eficiente quando administrada por via intravenosa ou intramuscular.
- Biodisponibilidade: A biodisponibilidade varia conforme a via de administração, sendo mais alta nas vias intravenosa e intramuscular.
Distribuição
- Volume de Distribuição: A atropina tem um volume de distribuição relativamente grande, indicando que se distribui amplamente nos tecidos do corpo.
- Ligação às proteínas plasmáticas: Aproximadamente 50% da atropina se liga a proteínas plasmáticas, o que pode afetar sua distribuição e efeito terapêutico.
Metabolismo
- Metabolismo Hepático: A atropina é metabolizada principalmente no fígado, onde é convertida em metabolitos inativos.
- Meia-vida: A meia-vida da atropina é de aproximadamente 2 a 4 horas, mas os efeitos podem durar mais tempo devido à sua ação nos receptores.
Excreção
- Eliminação: A atropina é excretada principalmente na urina, tanto como fármaco inalterado quanto em forma de metabolitos.
- Ajuste em casos de insuficiência renal: A função renal pode afetar a eliminação da atropina, sendo necessário ajustar a dose em pacientes com insuficiência renal.
indicações terapêuticas
A atropina é utilizada em diversas situações clínicas devido às suas propriedades anticolinérgicas. As principais indicações terapêuticas incluem:
- Bradicardia: Aumenta a frequência cardíaca em casos de batimentos lentos.
- Intoxicação por Organofosforados: Serve como antídoto para envenenamentos por pesticidas.
- Exames Oftalmológicos: Provoca dilatação das pupilas (midríase).
- Pré-anestesia: Reduz secreções salivares e respiratórias antes de cirurgias.
- Espasmos Gastrointestinais: Alivia cólicas e espasmos no trato digestivo.
- Tratamento de Síndrome de Sibilância: Relaxa as vias aéreas em casos de broncoespasmo.
- Terapia de Ressuscitação: Utilizada em alguns protocolos de ressuscitação cardiopulmonar.
Essas indicações destacam a versatilidade da atropina na prática clínica.
Apresentações
A atropina está disponível em várias formas farmacêuticas, incluindo:
- Solução Injetável:
- Normalmente em ampolas ou frascos multidose, utilizada para administração intravenosa ou intramuscular.
- Concentrações comuns: 0,5 mg/mL e 1 mg/mL.
- Comprimidos:
- Formato oral para uso em determinadas condições gastrointestinais.
- Geralmente disponíveis em doses de 0,25 mg a 0,5 mg.
- Colírio (Solução Oftálmica):
- Utilizada para dilatação das pupilas em exames oftalmológicos.
- Concentrações típicas: 1% e 2%.
- Gel:
- Pode ser utilizado em algumas formulações tópicas, embora menos comum.
- Forma Inalatória:
- Utilizada em algumas situações de tratamento de broncoespasmos, embora não seja tão frequente.
Essas diferentes apresentações permitem que a atropina seja utilizada em várias situações clínicas, adequando-se às necessidades do paciente e ao contexto terapêutico.
Nome comercial
A atropina é comercializada sob diversos nomes comerciais, dependendo do fabricante e do país. Alguns dos nomes comerciais mais comuns incluem:
- Atropina (genérico): Disponível como um medicamento genérico em muitas regiões.
- AtroPen: Um dispositivo de autoadministração de atropina, utilizado em casos de intoxicação por organofosforados.
- Isopto Atropine: Colírio usado para dilatação pupilar.
- Atropisol: Outra apresentação oftálmica.
É importante verificar a disponibilidade específica de cada nome comercial em sua localidade, pois podem existir variações.
Efeitos colaterais comuns e adversos
A atropina pode causar uma variedade de efeitos colaterais, que podem variar em intensidade de acordo com a dose e a sensibilidade do paciente. Os efeitos colaterais comuns incluem:
Efeitos Colaterais Comuns:
- Boca Seca: Devido à redução da secreção salivar.
- Visão Turva: Resultante da dilatação pupilar e paralisia da acomodação.
- Aumento da Frequência Cardíaca: Pode causar taquicardia, especialmente em doses mais altas.
- Dificuldade para Urinar: Resultante da diminuição da contração da bexiga.
- Constipação: Devido à redução da motilidade intestinal.
Efeitos Adversos:
- Confusão Mental ou Agitação: Especialmente em idosos, podendo ocorrer em doses elevadas.
- Reações Alérgicas: Embora raras, podem ocorrer reações cutâneas ou anafiláticas.
- Aumento da Pressão Intraocular: Deve ser utilizado com cautela em pacientes com glaucoma.
- Efeitos Cardiovasculares: Arritmias e aumento da pressão arterial em casos de uso inadequado.
Contraindicações
A atropina possui algumas contraindicações que devem ser consideradas antes de sua administração. As principais incluem:
- Glaucoma de Ângulo Fechado: A atropina pode aumentar a pressão intraocular, agravando a condição.
- Miastenia Gravis: A utilização da atropina pode piorar os sintomas dessa doença autoimune que afeta a comunicação entre os nervos e os músculos.
- Hiperplasia Prostática: Em homens com aumento da próstata, a atropina pode causar retenção urinária.
- Intolerância à Atropina ou a Outros Anticolinérgicos: Pacientes com histórico de reações adversas à atropina ou a outros medicamentos similares devem evitar seu uso.
- Doenças Cardiovasculares Graves: Pacientes com arritmias ou outras condições cardíacas graves devem usar a atropina com cautela, pois pode exacerbar problemas cardíacos.
- Gravidez e Lactação: O uso da atropina em gestantes ou lactantes deve ser avaliado com cautela, considerando os riscos e benefícios.
Resumo
É crucial que a atropina seja utilizada apenas em situações adequadas e sob supervisão médica, especialmente em populações com contraindicações conhecidas, para evitar complicações.

Tabela de Anestésicos
Lembre-se de que as informações nesta página são apenas de caráter informativo e não substituem o aconselhamento médico profissional. Sempre consulte um médico antes de tomar decisões relacionadas à sua saúde.